domingo, 4 de julho de 2010

Espelho

Me encaro no espelho, vejo as marcas do tempo e as marcas das condições com que enfrentei o tempo. Perdi tempo. Ganhei tempo. Me consumo em dúvidas e questionamentos contínuos que não me levam a nada, a não ser a eterna dúvida. O espelho me entorpece em dúvidas. Me enche de "Será's".

O espelho esconde mais segredos do que o vazio que se esconde por detrás dele, me afogo nas dúvidas da existência e do vil sabor do prazer. Com salvas. E mesmo que eu me compreenda entre dois espelhos, mesmo assim me sinto preso a um mundo de infinitas cópias de mim mesmo, a cada cópia, um de mim. Para cada pessoa uma cópia. Uma mistura daquilo que eu sou com aquilo que querem que eu seja.

Eu permaneço aqui, nos meus moldes. Fixei meus campos e aqui eu tenho meu cultivo. Semeio ventos, faço colheitas de tempestades, afinal, calmaria não move caravela.

Lá e de volta outra vez, sim, como se numa encruzilhada eu me encontrasse, sem saber para onde correr, que lado escolher. Duas faces de uma mesma moeda que pende frente aos meus olhos como se me hipnotizasse. O paradoxo da excelência desvirtuado pela imensidão da razão. Demência. E por mais que se faça presente dentro de um mesmo [nada] outro nada. Então eu estou dentro do espelho. Preso entre quatro paredes que tentam refletir aquilo que eu sou. Reflexo. [Nada].