domingo, 14 de março de 2010

Devaneios do passado futuro

Foi como um dia qualquer, o pó sobre os livros pairava de uma maneira descomunal, as teias de aranha nos cantos da casa pareciam pequenas cidades aracnídeas, o cheiro do mofo e da umidade infestava cada centímetro da casa. Por entre as cortinas, finos raios de sol conseguiam adentrar a imensidão daquela pequena masmorra que eu chamava de casa.

Sentei então em frente à lareira que ainda tinha um pequeno resto de brasas, olhei aquele retrato, aquela face jovem que eu jamais tornarei a ver. Os olhos cheios de vida, agora parecem cansados, os cabelos que no instante eternizado eram escuros, agora são esbranquiçados e quebradiços.

O pó que paira por todos os cantos penetra as minhas narinas a cada vez que inspiro e a água com ferrugem encharca meu rosto. Voltei a ser o mesmo do retrato, eu sei, eu sinto. Pena que não mais o espelho me mostre aquilo que sou. Mais um dia que nasceu, hora de ir dormir.