domingo, 18 de maio de 2014

Linhas

Continuo minha aventura, entre versos e estrofes, mesmo que únicas, tão únicas quanto teu abraço e os teus beijos, único como o toque do teu corpo, a imensidão da tua alma, o corpo que me acolhe em carícias e amores, única estrofe, tão única quanto tu.
Então me desamarro das longas linhas da prosa, me embriago na tua poesia inspiradora, se tenho uma musa, minha senhora, essa musa és tu. Vênus das madrugadas a embalar o cosmos da minha existência. inspiração una de todos os meus amores. E quando de ti a saudade estende suas garras, transpasso-me os versos, a sílabas, meus versos tortos e inaudíveis, terríveis enquanto forma e tão belos enquanto sentimentos. Oh, doce Vênus, Deusa dos meus sonhos, das minhas inspirações. Como pode, tu, senhora de minha alma, encantar-me tanto às aventuras poéticas donde meu peito explode em volúpias entre as linhas brancas da tua pele?
Embalo teu sono ao som do lápis manchando o papel, linhas e rabiscos, todos desencontrados em notas nos cantos das páginas; no calor da tua pele encontro a paz nas noites frias, vindoura e terna, tua boca me toca os lábios, então alimento tua alma ao embalo de uma métrica torta comida em fatias.

quarta-feira, 14 de maio de 2014

Núpcias

Oh, musa. Bela imagem a me tentar, que no riso a embalsamar, desfolha em mimos os teus encantos. Musa dos cabelos vermelhos e adornados, do alto da tua beleza obliteras o meu pranto em cálidos amores, como um véu aveludado, teus braços a mim se prendem; tua boca me toca os lábios na pura forma a materializar-se no arrepio que me causas.
Doce Vênus passante no jardim das minhas auroras, onde tua volúpia me prende e conduz pelas linhas do teu corpo. Nada temeis nos meus braços, minha senhora. Andemos, andemos pelo bosque dos prazeres, o vale entre teus seios palpitantes e tesos ao perturbador toque da minha língua. Pálida luz a cobrir tua pele, ante a forma no súbito suspiro a cruzar entre teus dentes, no aperto dos lábios tua mão repousa firma sobre meus cabelos. Arrepios cruzam teu corpo embalado ao som de gemidos; resfolegante, tua respiração cortada abafa dizeres tão singelos quanto pervertidos quando meus dedos já repousam sobre teus lábios úmidos.
Os dedos penetram teus lábios enquanto tua língua percorre minha boca, os murmúrios soam como litanias antigas dadas apenas aos amantes mais ardentes, tuas unhas rasgam minha pele, a dor marca  no doce e ébrio sofrimento do prazer. Tu, Vênus, que me amordaça à tua boca e me arranca a respiração, adornado seio cujo aroma desfalece a força e desponta o mais profundo tesão da minha alma.
Teu corpo, então, se apodera de mim, a engolir-me ao ventre todas as forças, vibro ao som do teu desassossego, nos gemidos embalo a força crescente do desejo ardoroso pelo teu sexo. Enquanto teus dentes enfim encontram minha carne, tenho em mim todo o néctar da mais bela e gozosa das flores; lambuzo-me como uma abelha em frenesi.


O gozo quente verte nas tuas entranhas, te inunda como um dilúvio embalado ao som do estampido na pele, as pernas abraçando meus quadris, sufocando em mim todos os movimentos; uma planta carnívora a engolir-me em plena noite das bodas, núpcias amorosas envoltas na glória da lua no reflexo da tua pele banhada por ela banhada, nossos corpos unidos em êxtase fervoroso. O plasma combinado, o plasma do instante-já, minha Vênus. O aqui e agora do eterno.

segunda-feira, 12 de maio de 2014

Devaneio

Mais uma vez, outro dia, outra hora, outra aurora, num momento tudo se dissipa na imensidão sinestética, fortaleza repentina de toda a lucidez. O morno abraço desdobrando-se ad infinitum, uma palavra sussurrada, uma palavra cantada, doce canto, encanto eterno repentino, do cinza-escuro às matizes coloridas refletidas em olhares e gestos. Gesto, jeito justo num piscar de olhos.
Embriago-me ao som da voz, doce encanto, o teu canto nos milhares de gestos justos intercalados aos beijos e jeitos. Não mais dou-me ao luxo de pensamentos vazios e errantes; embelezo versos às batidas retumbantes desse encontro. E agora estou aqui debruçado sobre a mesma ponte de outrora, onde tudo mudou, mudou na beleza infinita do rio constantemente mutável, na instabilidade das razões e sensibilidades dadas à alma. Mudei da fisionomia aos anseios, mesmo a plena escuridão da noite agora é tocada pelo belo brilho da lua.
Houve um mundo sombrio e melancólico, já levado pelas águas do rio. Respiro, meu corpo se inunda com o ar fresco da madrugada, a lua já brilha mais que o sol; o vinho embala brindes e despoja a tristeza, a poesia me embala sorrisos e boas aventuranças. Na estrada sigo andando, mãos dadas, taças cheias, risos infantis. Eis, na efêmera existência dos corpos, quantas vezes o espírito fora encontrado, reencontrado? Força pura a emergir ao palacete da boa prosa, da boa poesia.

Ao lado, lado a lado, o vento frio bate no rosto, intenso, imenso, um corpo aquecendo o outro, a noite mostra nas entrelinhas das nuvens o aconchego e a paz, a suave neblina, o calor aconchegante, o império dos amores. A cadência dos passos, o rio reflete agora a imagem completa, atravessamos a ponte, bebemos do vinho. O reflexo nunca mais será o mesmo.

sábado, 10 de maio de 2014

Tesão

Enquanto entrelaçados,
Te deito em meu leito,
Sinto teu corpo quente:
Nas tuas mãos, tudo aceito.

Roubo teus seios da roupa,
Acariciando-os aos beijos,
Levando-te ao êxtase ,
Entregando a mim
A Flor dos Teus Desejos.

Beijo-te inteira - carinho e êxtase,
Enquanto me deixas nu,
Provocando meu corpo.
- espasmos e gemidos -
Embalo com lambidas teu delírio,
Ao furor do ébrio prazer.