segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Gloomy Void

O trem partiu, ainda vislumbrei as lágrimas e às lagrimas caminhei pela rua deserta. Nada pulsava mais, escala de cinza, apenas isso, escrevi algum verso torto na rua e não me importei com a poeira nos sapatos, um rasgo entre mim e a realidade. Imaginei, ainda, tantos sorrisos, como em sonho senti teu cheiro. Tudo está do mesmo jeito, cada uma das coisas em seus determinados lugares, não limpei a casa, a cama ainda está feita, durmo só de um lado gelado da cama, mesmo nas noites quentes, tudo é frio.
Dissolvo linhas imaginárias nas manchas do travesseiro, manchas de tantos sonhos não sonhados; acordo gritando, em meio a madrugada, percorro as linhas dos livros, procuro nelas tantas imagens, o bonsai não morreu, aparenta muito mais vida, mais força, nada é capaz de destruir. E eu temo, quero fugir, sair correndo, mas meus músculos atrofiados, paralisados... eles apenas são e tudo apenas bate, nada mais pulsa, sem vibração. Na garganta, esse choro seco sufoca, sufoca, suf...

A vitrola tem o mesmo disco da última vez, a música que tocava não toca mais, há o silêncio ecoando na presença da tua ausência. I’m just a locomotive breath without the recall.

domingo, 20 de setembro de 2015

Heimos

Queria eu, em poesia prosa,
Cantar todo esse encanto
Que em plenos ares, pleno puro canto
Canta aos cantos esse amor.
Que digo de passagem, me encanta
tanto,
Mas canta todo o encanto da matéria.
As vezes, penso cá comigo;
Queria eu te deixar em paz...desgrudar da tua pele, te deixar só...
Mesmo assim, tu tão grudada em mim
Esse cheiro, esse gosto que me invade os lábios, invade a casa.
Eu caminho, sem lenço, sem nada;
Teu vulto em cada esquina,
Tua prosa,
Teu verso.
Esse teu canto que me encanta,
Versos perdidos numa prosa torta
Comida em fatias.
Teu caminhar ao meu lado,
Teus lábios que escapam aos meus,
Canto que encanta.
Sim, heimos...morramos amando,
Mata-me.

terça-feira, 8 de setembro de 2015

Bitter

O sol se pôs, reinou novamente a noite em cárcere, exílio, fuga... Era para tudo ser diferente, nada mudou e tudo desmorona. No fundo da xícara há o café frio, recém passado, mas sem gosto. No escuro tudo parece mais claro e tudo toma conta, dói como a última dor do terminal, ninguém ensina algumas coisas.
Nem eu aprendi como viver sem.
Velei a noite a espreita da tua chegada, velei os tempos esperando um sinal que jamais veio, revirei memórias e chorei o choro amargo da tua ausência. Procuro lembranças em todos os cantos, no âmago ébrio de mim encontro tuas marcas, já faz tanto tempo e nem faz tanto assim.
Sonhei te reencontrar, sentir teu cheiro, teu toque, mas desde quando sonhar dói?
Foste embora e fiquei sentado olhando para o nada, tantos textos que não te mandei, tantos risos que não rimos. Entreguei tanta coisa em tão pouco tempo e, do nada, nem me encontrar mais eu consigo. Talvez minha carta nunca chegue. Eram tantos pedidos e teu silêncio fora capaz de me consumir. Conto de fadas pensar que seria bom voltar no tempo e ser diferente. Se naquele dia, em meio às tuas lagrimas, eu fosse ao teu encontro?
Já não sei mais. Aqui dentro nada mudou, não sei quanto tempo preciso esperar....