sexta-feira, 30 de outubro de 2015

Tonight is Bourbon night!

O scotch acabou, garrafa vazia, mente vazia, corpo vazio... Aliás, tudo o mais é vazio e nada muda isso, it's all void and I don't care, porque eu caminho preenchendo lacunas desde tão cedo que já tenho nem mais conta. O importante é que hoje o scotch acabou e só tem bourbon, Jack doesn't taste the same as Johnnie, mas está tudo bem, aliás, tudo tem estado tão camufladamente bem que eu já nem sei mais se estou sorrindo ou chorando, mas também não faz diferença, eu corro atrás de tantas coisas diferentes, caminho tantos passos diferentes que já nem me reconheço em frente ao espelho. Um dia faço a barba, no outro não, quando penso em tudo como parte do passado, recebo uma carta e reconheço a perspectiva de todo o futuro e eu já não sei mais por quais ruas caminhar além da mesma linha reta a qual tracejo tão cambaleante, embriagado pelo torpor mais simples do universo: a vida. And it doesn't make any sense anymore.
By the way, nem tudo transcorre como eu gostaria, mas o importante sempre se estabelece na união de todos os laços, tenho tanta saudade quanto vontade de ligar e gritar até não conseguir mais, desejo corpo e alma e sei o quanto é tarde para isso e finjo não me importar velando dias na companhia de um rock balada mais ou menos e algumas doses de qualquer coisa meia boca, assim como o café meia boca, bebida meia boca, barata, velha, jogada num canto qualquer de um bar. Outra dose, mais uma e quem sabe outra daqui a pouco, não importa, I'm numb of all pain I've been trough. One more pack, please.
Olha, vou te dizer, muitas coisas mudaram nesses tempos, o sol não é mais tão quente e os dias são mais gelados, eu tenho sido tão gelado quanto o nono círculo do inferno. Eu tinha tantas coisas pra dizer, mas quando tudo passa como um filme antigo em preto e branco, restam apenas créditos subindo pela tela e, novamente, eu pouco me importo, de novo tem um rock balada meio estranho tocando alto no alto falante improvisado.
Sim, me tornei todas as coisas das quais eu não queria ser, mas isso não é culpa de ninguém senão minha, o que também não faz diferença, o importante é que nada melhor que um sorriso bem encenado para esconder todas as ruínas de uma cidade tão fantasma quanto vazia, and they don't hear me cry and it doesn't really matter. Coming along with me, I had a whole new world to show you, but sometimes love is not enought, we really know, and it doesn't matter anymore. Yes, I really blame you since you wore these double blind patcheyes of yours. What am I supposed to say? I'm sorry? Not really. I'm actually glad, because, at the end of the day, I serve my scotch and forget about all these things of my past. Who cares about tomorrow? Nobody. I'm no different. Show them some rock n' roll, My Darling.
As I said before, I keep here and you keep there, I lick my wounds and you remember of me every fucking damn night. Keep believing in whatever you want to, I don't care, but have always in mind what you have thrown in the garbage. For the record, I will always love all your fucking cazyness, that is the way I dance.
Nothing's better than a black suit to forget everything. And, by the way, I've found the scotch.







segunda-feira, 26 de outubro de 2015

Here and there!

Qual o teu problema? You stay there and I stay here, licking my wounds, moaning about life and drinking every drop of scotch I find. Tira logo essa tua roupa, senta logo no meu colo, me engole com teu sexo faminto. Escreve minha pele com tuas unhas, me marca como teu animal. Eu te farejo em cada canto do nosso quarto, te desejo com cada célula do meu corpo. Eu tremo de pensar na tua súbita inexistência.
Eu caminho por essas ruas pensando no teu corpo perto do meu, tuas mãos amarradas, incansável, sempre querendo mais: tua dor, nosso prazer. Traças em mim tua boca quente e teus dentes afiados, tua saliva escorrendo pelo meu pescoço.
Deixa disso e vem aqui, chega perto e eu te carrego até a cama, falo uma dúzia de frases românticas e dez dúzias de sacanagem, nossa receita sempre foi perfeita. Essas feridas abertas e inflamadas que nunca fecham, não por desamor, mas por amar demais, amar mesmo longe e perceber que tudo mudou, mas nada mudou. Teu drama, meu drama, meu corpo, teu corpo, meia dúzia de carinhos e um tapa na cara, minha gravata no teu pescoço e minha camisa rasgada, meu gozo te inundando, manchando tua calcinha antes de ir trabalhar. Mesa posta do café.
Meia duzia de torradas, teu café forte, arroz queimando na cozinha. Boca sedenta e eu te amarro no quarto. Sei bem, já disseste que aguentas uma vida inteira assim ao meu lado. Joelhos machucados e o almoço pronto. Teu corpo pendendo no ar e meus dedos enfiados entre tuas pernas. Sobremesa. Beijo doce, romantismo, carinho e uma poesia torta.
No trabalho, conto as horas de voltar pra casa, procuro tua sala, vasculho tuas gavetas, deixo uma carta de amor, tua calcinha ainda no meu bolso e a marca do teu salto no carpete, teu cheiro impregnado em mim. Tua marca de batom no meu copo de whisky. Espero ansioso tua presença, ensaio uma melodia prazerosa, music to drink and fuck, a pile of books segurando a cama quebrada, tuas marcas nas minhas páginas, cheiro de livro velho com a capa cheirando a sexo.
Tudo junto, no fundo da nossa taça de vinho, a noite vai alta e tua camisola como sempre alinhada, cada noite uma diferente, maquiagem borrada, cabelo bagunçado. Te gosto assim, tu torta e eu te comendo em fatias.

Dance dance....Dance.

Anda. Caminha nessa linha tracejada no quintal da minha casa. Desfila nos arredores, tira meu sono, me embriaga. Ensaia teus passos de dança na minha cama, enquanto teus pés me são taça de vinho. Declama tua poesia torta enquanto eu te como inteira. Desse amor, te quero chupando até o gozo, me sufoca nas tuas pernas lambuzadas.
Rasteja nesse lençol carmesim que te envolve, retorce teu corpo montada em mim, geme doce o teu grito mais desusado, verte sangue das minhas costas. Deixa a música tocar, o corpo dançar. Acende logo esse cigarro e me traga por inteiro. Temos tempo, darling. Temos todo o tempo do mundo, esse fragmento da eternidade nos pertence. Toca minha mão e escreve com gozo essas linhas inflamadas, afetadas, cretinas e masoquistas. Baby, quando te vi eu não soube se queria matar ou queria meter.
Dança comigo essa dança, vamos rodar até não conseguir mais, cair exaustos, com os pés machucados e o sexo ferido. Eu tenho esse sorriso torto que sempre foi teu  e teu rosto sempre brilhou mais forte no reflexo do fio de luz que entrava pela janela.

sábado, 24 de outubro de 2015

Palimpsesto

O corpo mal esfriara e já pensavam no próximo passo.
Velado por dias.
O grito do moribundo se desfez, contemplando as portas do paraíso. Finalmente liberto, embalsamado, tomado.
Algo o consumia, corroía cada milímetro daquelas entranhas enrijecidas, geladas, pálidas. Novamente o palimpsesto. Outra história engendrada entre arranhões. Começo torto, final torto.
Tudo girando na polissemia redundante. O mundo dá voltas.
Há pouco enterrado e já viviam outros sorrisos.
Perverso mundo polimorfo que flutua em magma. Findou-se a volta do retorno. Nada mudou.
Túmulo fechado e tudo segue como a multidão pelas ruas, como a água na sarjeta. Ninguém disse que seria fácil tampouco qual o tratamento.
Quatro doses por dia poderiam ter sido suficiente, e não foram. Cinco, seis.O mundo em chamas e eu a fumaça. Fumaça do crematório, jazigo perpétuo com cama arrumada para dois.
Marcha fúnebre para dois, batido, não mexido. Whisky sem gelo. Vida que segue. E nas entranhas sempre há espaço para mais uma dose. 
Tudo em chamas na árvore de natal d'um riso reencontrado. He's going crazy.
Morre pelo menos cinco vezes por dia e a vida não para, não há tempo nem para morrer. Há de morrer de amar mais do que pode. Do amor, engole cada gota, mesmo que lhe escorram pelo rosto.
Come on baby, take a chance. I'll introduce you in this Devil Dance. And we dance 'till die five or six times. Não há razão de olhar pra trás.
Breite dune Flügel aus und flieg mit mir die Nacht. Because there is no reason to regret. 


Artífice da pantomima.


domingo, 18 de outubro de 2015

Vertigem

Foi. 
Caminho distante
Cruel perverso
                 Polimorfo.

Pela estrada embalsamada
O vento gelado lambe-lhe a tez.
Passos tortos. Espaço.

                               Fumaça. Fogo...
                                                               Corpo de pedra quente, geléia de magma.


Corta. Nova cena.

quinta-feira, 15 de outubro de 2015

Caso

É no papel velho que tracejo versos desgastados e repetidos, mantenho-me firme como uma estátua, impassível como um antigo guerreiro chinês, olhos focados no nada sem foco, mas a firmeza constante. Procuro no espelho as marcas de expressão que já atingem meu rosto, os sinais do tempo. Ele passou e nem percebi, carregou consigo tantos sorrisos e tantas palavras sábias, hoje restam-me apenas uma ou duas que guardo sabiamente para o momento correto. Bem sei ser um poço de defeitos, um arranjo em pedaços, colhido pelo tempo e por alguma amargura.
Life isn't easy, my friend. Uma vez me falaste em uma carta cuja compreensão só se faz por inteiro agora, mas também não prestei atenção e esta falha é minha, devia ater-me aos pontos mais importantes e deixar de lado as (des)importâncias, a verdade é que faço delas uma máxima existencial, bem me consomem, eu sei, mas desaprendi a lutar contra.
Aliás, durante os anos desaprendi a lutar contra tantas coisas, não devia criar esperanças de nada, mas me vejo circundado por elas e num repente me pego pensando "FUCK", e aí já era, tarde demais, "a próxima, por gentileza". Mas sou sempre astuto no que tange meus referenciais, ah sim, confesso que sou, despojo todas minhas íntimas batalhas e sigo andando, caminho pelas ruas com um sorriso inconfundível de perfeição e plena alegria, tenho, sim, tanta calma em meu olhar que chega a ser irritante, but still waters run deep, my friend e eu sempre procuro mais. O mundo é como uma droga que me consome e eu a ele, talvez aí paire a razão da existência. Não sei ao certo, mas eu sigo sempre caminhando.
Nesta cidade portuária, sempre me lembro do Pessoa, caminho próximo ao cais do porto, subo ruas, desço ruas, no fim não há nada, aliás, nunca houve coisa alguma, no entanto há sempre um motivo para caminhar. Atravesso ruas. Pessoas, as vejo constantemente, nunca olho para nenhuma delas, aliás, pouco me recordo da última vez em que factualmente olhei uma nos olhos, mas também não vem ao caso, enfim, tantas coisas não veem ao caso, nem mesmo este escrito vem ao caso. Mas eu sigo caminhando... sem lenço e sem documento. Eu vou, mas tudo não passa de uma piada velha.

terça-feira, 13 de outubro de 2015

Pessoando

Nas brumas da noite, a madrugada cálida se distende entre as brumas, percorre o vento os cantos mais insólitos de mim, assim como tua alma a perspassar constantemente a minha numa dança monumental onde somos os ocupantes desse lugar tão heróico, a busca pelo amor finalmente encontrado, a plenitude completa das nossas almas esfaceladas pelo tempo. E eu sigo caminhando ao teu lado, tua mão segurando a minha e eu sinto o calor, sinto tua presença a cada passo, cada instante, ao fechar os olhos e me entregar ao sono, penso e repenso outra vez em ti, adormeço; acordo, desperto de sonhos onde embelezas harmoniosamente tantas telas pintadas.
O fogo chamusca as paredes da lareira e eu bebo o vinho, talho, retalho, dobro, desdobro e re-dobro pequenos manuscritos originais que um dia tornar-se-ão textos de verdade, transformo em escritura um sonho cigano. O vapor do chá deixa o ambiente morno e as gotas de chuva salpicam o telhado. Sigo escrevendo como se andasse por uma calçada, pulo poças d’água, costuro passos e procuro a ti em cada parte de mim. Novamente refaço algumas anotações, quebro margens, parágrafos, me aventuro em alguns versos e a tua imagem permanece ali, pirografada na minha retina. Desafio a mim mesmo em eternos confrontos literários.
Eis, então, na literatura te trago pra perto, ofusco a saudade no brilho do lampião aceso no canto da lareira, estremeço em êxtase ante a imensidão do tão sonhado futuro, planejo, replanejo, faço desenhos e tenho sonhos. Ironia, pois, a parte de ser nada, tenho todos os sonhos do mundo;

domingo, 11 de outubro de 2015

Linhas

Nessas linhas desdobro meu viver,
Aprendiz da tua poesia, singelo
Caminhar ao teu encontro.
Nos versos brancos da tua pele,
Acolho tu’alma no infindo abraço,
Em desfrute eterno dos amores.
E tua alma junto à minha,
Percorre os campos calmos e floridos
Na tua mão encontro a minha
Onde a linha da vida se cruza ao eterno,
Quando teus olhos param nos meus
E eu entrego à ti os meus carinhos.
Quando a imensidão nos acolhe
Em apertado abraço,
Desfolho em ti o sorriso guardado há tempo.
Então tua mão aperta a minha,
Tão firme quanto doce
Expurga os medos de outrora.
A esperança do porvir me embriaga a tez,
Junto ao sorriso teu
A lua alva como tua pele me ilumina
A fonte de todos os amores;
Teu corpo, como o mar, reflete
O eterno brilho do luar.
Eterno como nós dois, nas
Tantas vidas unidos,
(Re)unidos.