terça-feira, 17 de novembro de 2015

Sacré et Profane

Aos beijos embalo a seiva a verter dos lábios, o corpo ainda trêmulo, as mãos ainda firmes. Meus dedos tocam teus cabelos na mais doce das agonias, o sexo ainda pulsa ao frenesi dos nossos corpos. O abraço singelo perpassa o corpo, a alma; a indiferença frente ao tempo, a suspensão do espaço/tempo onde o sexo é literatura.
Nesse lugar onde o sagrado não difere do profano, esse lugar onde a alma permanece única em todos os momentos; não interessam as razões, nem os porquês. Muito foi guardado por tanto tempo, guardamos um amor um para o outro, não importa a distância, quando estamos sempre perto. Eis o encontro das metades a propiciar a perfeita intervenção ao espaço/tempo; apenas conceitos ante às vidas que esperamos.
No profundo âmago, ébrios um no outro, embebedamo-nos no licoroso carinho das almas, enfatizamos a perfeita sincronia/perfeição da simples existência mútua enquanto seres criados um para o outro. No momento, esperamos pela razão contínua da infinitude de tudo o que há em nós, entre nós, por nós, por tudo. A família, ei-la em toda sua plenitude.
A nossa família, nosso bem maior, a riqueza de todas as coisas possíveis de conquistarmos; ao amanhecer, a caneca de café, o beijo doce, o café, o beijo levemente amargo, morno, quente, você, nós dois e o gosto do café. Te tomo nos braços, o doce amor do amanhecer; teu corpo enrubesce nas carícias costumeiras de todas as manhãs. O vapor morno emanando do banheiro, mais um dia começa.
Aos beijos, dormimos embalados no abraço eterno que nos mantém, o calor que emana do corpo, a noite trêmula, pálida lua, frio convalescente, tão acolhedor, acolhedor como nosso eterno abraço. O beijo, o abraço tão sagrado. Sonha comigo.
Puro eterno, no sacro embalo permeio teus sonhos, te embalo no calor dos meu braços.

domingo, 8 de novembro de 2015

Homesick

Nesta breve história, talvez eu tivesse de sair de mim mesmo, deixar minhas roupas de lado, vestir apenas a máscara essencial do personagem. Mas no breve pacto firmado, nunca fui capaz de baixar a guarda. Não há nem lugar definido neste palco imenso, não há centro, nem verdade. Só um divã vermelho mal colocado, uma cadeira de braços e uma pessoa imaginária sentada. Não adianta falar, aliás, não há nem o que falar, minhas palavras são rodeadas por um silêncio tão ensurdecedor, meu paletó tem forro natural coberto por uma sensação lúgubre, uma nostalgia leve, vontade de voltar pra casa.

quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Shine

Hoje eu escrevo com uma alegria tamanha que nem direito cabe em mim, escrevo sem nós e entrenós, escrevo sozinho atrás das teclas vermelhas do teclado iluminado. Deslizo os dedos com a mesma alegria que um pintor desfere golpes na tela vazia, brinco com palavras, escrevo reescrevo e me perco na escritura de mim mesmo. Reencontrei em cada canto os pedaços de mim mesmo, entre um gole e outro encontrei a mim mesmo, ébrio em tantas coisas que já nem lembro mais, no entanto encontrei algo, algo tirado há tanto tempo e eu já nem lembrava mais.
Hoje foi dia de limpeza, dei conta do tempo perdido, abri espaço para móveis novos, planejados, desenhados especificamente para mim. Sou egoísta, sim, nunca neguei, mas sempre tento ser o meu melhor, enfim, não há dúvidas, nem sempre o melhor é bom suficiente e eu aprendi a não ligar. Também aprendi da forma mais complicada o quão perfeito é o aroma da liberdade, da vontade de correr e respirar. Tirar a venda e ver que há, sim, cor e o mundo não é aquele colorido-preto e branco. Também pintei as paredes, tirei os quadros antigos e entreguei para doação. Redescobri o brilho de algo tão perdido entre as brumas ululantes a me ofuscar a visão. I don't care anymore. I don't care about nothing. 
And you, baby... Shine your light down here...shine.

There is no mistery at all. I smoke your mouth and burn your body. You smoke me and burn me inside. Like put out fire with gasoline. No mistery....At all.