segunda-feira, 11 de abril de 2016

Bipolar

Faz assim. Pega tuas coisas, vai embora. Arruma as malas, escreve um bilhete, deixa no barzinho perto da saída, embaixo de uma garrafa qualquer, uma bebida amarga, tão amarga quanto essa sensação. Bate a porta - ela não abre por fora - não deixa nada pelo caminho, entra no primeiro trem e segue, não joga uma pétala qualquer pelo caminho, não deixa rastros. Acende um cigarro, deixa esse último cheiro no apartamento bagunçado, roupas jogadas, meu corpo quente e teu corpo em chamas, quebra os copos, derruba bebida no chão. Espera eu acordar, estapeia minha cara, me arranca dessa letargia. Esfrega teu corpo no meu, molha meus dedos com tua saliva, quebra as janelas.


I keep the door open, waiting n’ waiting, it’s been forever,girl, since you’ve became a misty memory. I wrote many letters and stored in the drawer. I lost myself entre tantas línguas, tantas coisas, tantos ocasos nebulosos. Toma um fósforo, acende teu cigarro. Me beija nessa noite escura, abre essa porta. You were always here.