Me perguntaram dia desses: “o que te causa mais medo?” – Não
sei. Respondi. Então pensei melhor.
Eu tenho medo desta folha branca na minha frente, tenho medo
das palavras, tenho medo do instante de apertar uma tecla, a letra aparecer e
tudo permanecer branco. Tenho medo de escrever qualquer pequena peça, qualquer
pequena estrofe. Tenho medo de seguir adiante num plano literário diabólico ou
algum conto perdido em meio a tanto...branco... Eu vejo tudo passando ao meu
redor e é tudo cinza, vejo os dias acinzentados de uma forma tão colorida;
entardecer cinzento, meio bizarro, meio gostoso, mas o céu azul me assombra. O
céu azul faz parecer que tudo é normal, o céu azul é sempre o prelúdio do
temporal. Não. Um segundo, o céu azul é a paz. Mentira, o céu azul é o tormento
anti-poético da existência, mas a folha branca sempre é o pesadelo.
Na folha branca eu me escondo de mim mesmo, I’m digging a
hole, I’m burying myself, I’m hiding. That’s it. All I want is a hole to bury
myself. E continuo temendo tanto esse branco no papel. Talvez, se o papel fosse
preto, também temeria o preto. Graça sem graça. Nesse meu branco só há
ausência, alguns dizem que o branco é a mistura de todas as cores, não para
mim. A mim, é apenas vazio....