Nesse mar, o qual mergulho, desprendo de mim a mim mesmo, me
permito por um segundo ser tudo o que não sou e, fora todo o brilho, esse ser
semelhante à areia macia e quente. Imerso, profundo, misto de desvario e
torpor; excitação e desespero, essa linha minha, escrita por mim, apagada e
borrada pelo tempo não se inscreve mais no amorfo psicodélico que sou, mistura
multicolorida em escalas de cinza. Aquarela preto e branco. Filme antigo de
roteiro péssimo, café amargo, mais ou menos, requentado e com borra.
Borra, essa, com a qual escrevo da total vacuidade alienante
a qual estou prostrado. Cintilante maquiagem maquiavélica, distorção final de
uma agudo lampejante. Sinthoma. Panacéia redundante, infeliz piscar de olhos
surpreendente; coisa. No fundo d’água sinto algo tocando os pés, escamas
gelatinosas, pedra, musgo. Sinto cheiro de cachoeira ao meio dia; ninguém se
esconde em meio a lama. Ébrio, este âmago lhe convém servir como azeitonas no
fundo d’um drink, gosto amargo, féu tremeluzante a escorrer entre os dedos.
Põe-se o sol. Adormeço. O sono pagão se aproxima. – Olá,
Mefistófeles!