quinta-feira, 27 de julho de 2017

Branco

Me perguntaram dia desses: “o que te causa mais medo?” – Não sei. Respondi. Então pensei melhor.

Eu tenho medo desta folha branca na minha frente, tenho medo das palavras, tenho medo do instante de apertar uma tecla, a letra aparecer e tudo permanecer branco. Tenho medo de escrever qualquer pequena peça, qualquer pequena estrofe. Tenho medo de seguir adiante num plano literário diabólico ou algum conto perdido em meio a tanto...branco... Eu vejo tudo passando ao meu redor e é tudo cinza, vejo os dias acinzentados de uma forma tão colorida; entardecer cinzento, meio bizarro, meio gostoso, mas o céu azul me assombra. O céu azul faz parecer que tudo é normal, o céu azul é sempre o prelúdio do temporal. Não. Um segundo, o céu azul é a paz. Mentira, o céu azul é o tormento anti-poético da existência, mas a folha branca sempre é o pesadelo.

Na folha branca eu me escondo de mim mesmo, I’m digging a hole, I’m burying myself, I’m hiding. That’s it. All I want is a hole to bury myself. E continuo temendo tanto esse branco no papel. Talvez, se o papel fosse preto, também temeria o preto. Graça sem graça. Nesse meu branco só há ausência, alguns dizem que o branco é a mistura de todas as cores, não para mim. A mim, é apenas vazio....