terça-feira, 15 de dezembro de 2015

Parede

Algumas razões simplesmente pressupõem outros aspectos, mais profundos, prazerosos, excitantes. A suposição recai no percorrer dos cantos escuros. Mas a noite gelada instiga outros torpores, outros vapores, assim como o vapor que sai pela boca, o vapor da baforada do cigarro enquanto o vento gelado chamusca a pele quente.
Às voltas pelas calçadas, um canto escuro, um holofote e a sensação de ser observado, pensamentos fluem melhor com o frio, audacioso em todas as lubricidades, o cérebro aturdido por sequências contínuas de pensamentos. No torpor das ideias, encontro o corpo, a parede; dominado pela presença provocante; teu corpo apoiado na parede, o vento frio, os dedos gelados. Tua boca sob a minha, no canto escuro tuas unhas que arranham minha nuca.
Minhas mãos brancas passeando entre tuas coxas, procurando o calor do teu sexo, tuas pernas traçando o caminho aos meus dedos. Tuas mãos respondem meus sentidos aguçados, percorrem minhas costas entre calafrios e arrepios. A boca procurando meu pescoço, meus dedos procurando os lábios entre as pernas quentes; o arroubo dos dedos, a pressão, os suspiros.
Empurro a mão, percorro a calça, o sexo molhado pulsa na mesma sintonia do meu roçando nas tuas pernas, em meus dedos, teu sexo, escravo dos meus delírios, tuas mãos apertam minhas costas, puxam meu corpo de encontro ao teu. Sufoco aos beijos os suspiros, mexo rápido, forte. As mãos desafivelam meu cinto, entre as camadas de roupa, me afasta das tuas pernas e me procura: duro, pulsando.
Tuas pernas tremem, o gozo se aproxima, a respiração cerrada acumula força, te acaricio encharcada de todos os fluídos do tesão congelado, derrama sobre meus dedos o gozo quente, fervoroso, seguro tuas costas enquanto as pernas tremem. Gozo ao sentir meus dedos molhados, na tua mão verte o sêmen quente, ímpio. Entre teus dedos jazia latejando às últimas gotas meu sexo exaurido.
Lentamente tirei a mão de dentro das tuas calças, lambi os dedos, deleitando-me ao sabor agridoce do sexo. Sequei os dedos, limpaste a mão. No mesmo canto sentamos, um cigarro aceso, o vento não estava mais tão gelado, nem a noite, nem nada, tudo era mais claro agora. Seguimos com a mesma conversa. Caminhamos de volta.

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