domingo, 23 de maio de 2010

Vênus III

Era tênue o horizonte que por um instante eu mirava, o crepúsculo que agora se finda era suave e pleno, aqueles raios de sol amarelados que invadiam a varanda me traziam um célebre ar nostálgico que tomava conta dos meus pensamentos: como eu me sentia bem.

Eu sempre me lembro do sabor daquele vinho, ah, sim, o célebre vinho que por anos molhou minha boca e infestava de amores minh’alma.

Foi uma noite, noite essa perdida no tempo e nas horas, não me lembro a data, não me lembro nada, mas nos fulgor dos acontecimentos eu lembro-me dos mais breves acontecimentos:

A lua guarnecia a cama sob os lençóis vermelhos, a temperatura era amena e as cores todas vibrantes. E debruçada sobre um travesseiro estava ela, minha Vênus. Vestida naquela camisola roxa que despertava meus mais profundos desejos. Sua sede emanava pelos seus poros e meu desejo desvencilhava-se das roupas como se um vendaval as levasse pra longe.

Toquei seus lábios suavemente, eu sentia o calor que aquele corpo emanava, toquei suas costas e num movimento suave a trouxe pra perto de mim. Senti o arrepio que nossos corpos despertaram um ao outro, o beijo se tornou mais profundo, mais ardente, as mãos percorriam cada pedaço da pele. Aos sussurros eu declamava o ardor dos desejos que me possuíam. Seus suspiros aumentavam a cada instante, nossos corpos tornavam-se apenas um e no êxtase de sensações que nos envolvia: os gemidos eram abafados pelos beijos incontroláveis que trocávamos.

A tomei em minha boca, como se sugasse pra mim todo o néctar que daquela flor pudesse ser extraído, seus quadris me sufocavam enquanto de mim ela sugava cada gota do meu desejo.

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Ao final, lembro-me bem dos cigarros que fumamos e das palavras trocadas. A infinidade de lembranças de uma noite sem lembranças, ou falta de lembranças de uma noite repleta delas, não sei bem dizer ao certo, mas sei que ao certo dizer: as lembranças mais importantes, eu as guardo pra mim mesmo.

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