Talvez seja necessário, em toda a sua aleatoriedade,
transformar em escritura pensamentos outrora traçados. Entretanto a persuasão
das idéias, é, em demasia, apenas interlocução de memórias previamente
estabelecidas.
“Memória” é apenas um termo tão vulgar quanto o retrospecto
que é delineado sob o véu da libido. A divagação apenas se constrói sobre a
relação completamente binária entre memória e esquecimento. Milan Kundera
previamente advertiu a todos quanto a necessidade do esquecimento. - o afã de caminhar para longe de uma memória; e é assim que funciona, quando
algo ruim acontece, tenta-se, das mais desesperadas formas, correr para longe, “esquecer”.
O julgamento pode ocorrer, através da leitura, apenas
embalsamado pela “estrutura de tudo”,
porém, a busca não é por lógica, sentido ou estrutura, inversamente contrária,
nesse efeito, a busca pela lógica é inexistente, pois não há padrão nas
memórias, tampouco estruturas tangíveis.
A imagem sempre foge aos limites da mente; assim que a
imagem é narrada, se é dado fim à toda reminiscência. O fato apenas torna a
ocorrência tangenciável, então as paranóias da memória se transmutam em seres
autônomos capazaes de despertar, em momento ruins, o ideal de acalento – Mnemosine
e suas artimanhas.
O desesperado rugir da fuga embeleza-se por entre as
memórias e esconde-se entre as mais belas árvores de folhas vermelhas e olhos
cravados no tronco, outra vez a fuga contempla-se como ideal artístico e emudesce,
fustigada pelo eterno referencial. E a memória se desfaz, eleva-se no espaço/tempo e cria outra atmosfera, essa atmosfera representa a busca doentia e
atroz, a lembrança, pois é o unico espólio da vida.
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