quinta-feira, 17 de abril de 2014

Dezembro

Eis o ardor da chama, a divindade máxima do mundo. Em qual repente se abre a porta cuja euforia deságua num profundo espaço onde reina a paz? Então cria-se o instante fugaz na qual as mãos se tocam junto dos lábios, no simples desenho perdura ad infinitum a sensação do real subjugando o fantasioso. Naquele desenho onde meus lábios tocam as tuas mão sob a fina luva de seda e o vestido de princesa recobre teu corpo por inteiro. O momento-sim a selar eternamente os mais profundos laços da alma.
O lugar onde o crepúsculo radiante distende seus braços no infinito abraço do espírito, matéria envolvente da brisa morna do dezembro breve onde, na mais profunda sintonia, o corpo frente ao espírito desnuda-se em sinfonias melodiosas sob acordes dissonantes, jaz então, perpetuado, sob os olhos do divino, o extenuante anoitecer, onde a lua divide espaço no céu com os últimos resquícios de sol e nós dividimos o beijo eterno.
A glória exerce sua própria função de perpetrar a longa jornada do outrora cansado corpo e, no mais belo entardecer de dezembro, o brilho dos olhos cintila pululante a alegria a vibrar na fibra que enlaça a alma à antiga dor vivente. Creio, na sinonímia dos seres, a pungente descoberta sobre o verdadeiro sentido dos sentimentos. Mas, não, esquivo-me de definições, não creio na falácia dos esteriótipos, apenas me recordo de um dezembro passado onde as almas se reencontraram.

Desfaço-me das armaduras enquanto vivente, deixamos o trôpego caminho assaz extenuante; no eterno abraço a alma encontra repouso às chagas que a si foram causadas, reflete nos olhos a completude, eis a valia sobre todas as outras coisas; nossos corpos, nosso espírito entrelaçados ao infinito na mais estonteante fortuna.

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