Eis o ardor da chama, a divindade máxima do mundo. Em qual
repente se abre a porta cuja euforia deságua num profundo espaço onde reina a
paz? Então cria-se o instante fugaz na qual as mãos se tocam junto dos lábios,
no simples desenho perdura ad infinitum a sensação do real subjugando o
fantasioso. Naquele desenho onde meus lábios tocam as tuas mão sob a fina luva
de seda e o vestido de princesa recobre teu corpo por inteiro. O momento-sim a
selar eternamente os mais profundos laços da alma.
O lugar onde o crepúsculo radiante distende seus braços no
infinito abraço do espírito, matéria envolvente da brisa morna do dezembro
breve onde, na mais profunda sintonia, o corpo frente ao espírito desnuda-se em
sinfonias melodiosas sob acordes dissonantes, jaz então, perpetuado, sob os
olhos do divino, o extenuante anoitecer, onde a lua divide espaço no céu com os
últimos resquícios de sol e nós dividimos o beijo eterno.
A glória exerce sua própria função de perpetrar a longa
jornada do outrora cansado corpo e, no mais belo entardecer de dezembro, o
brilho dos olhos cintila pululante a alegria a vibrar na fibra que enlaça a
alma à antiga dor vivente. Creio, na sinonímia dos seres, a pungente descoberta
sobre o verdadeiro sentido dos sentimentos. Mas, não, esquivo-me de definições,
não creio na falácia dos esteriótipos, apenas me recordo de um dezembro passado
onde as almas se reencontraram.
Desfaço-me das armaduras enquanto vivente, deixamos o
trôpego caminho assaz extenuante; no eterno abraço a alma encontra repouso às
chagas que a si foram causadas, reflete nos olhos a completude, eis a valia
sobre todas as outras coisas; nossos corpos, nosso espírito entrelaçados ao infinito
na mais estonteante fortuna.
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