quinta-feira, 21 de abril de 2011

Persona Dramática - Eu e Eu mesmo.

Penso muito na terceira pessoa. Meus pensamentos fluem de forma louvável de tal forma, mas essa é a hora em que eu me dirijo a mim mesmo, como em frente a um espelho. Existe a música, existem sons me cercando. Agora eu penso em mim, de forma específica, vivo para mim, desejo o melhor para mim, não penso em nada e penso em tudo, como um filme que percorre minha mente. Meu momento egocêntrico.

Sentado em frente ao teclado, o cigarro nos lábios e os pensamentos formigando na ponta dos dedos. Existe um amplo conceito ao redor de tudo, todos possuem suas conjecturas e nem sempre elas são compatíveis com as minhas, meu destino figura-se na imagem de um vivente sentado no divã e vomitando intermitentemente os seus doentios devaneios; essa foi a forma como conduzi milhares de pensamentos, assim guiei minhas máscaras a tornarem-se aquilo que sempre quis apresentar. Hoje caem as máscaras, hoje toda a fantasia cai por. Eu sou Eu.

A panacéia cumpriu seu papel, estou sentado em um santuário de papel e repouso sobre o doce colo da saudade que se esvai aos poucos. Quero mais, sempre vou querer mais. Contento-me com os poucos momentos que tenho por hora, mas sei que o retorno será regado a pequenas lágrimas que escorrem pelo canto dos olhos. Esse é mais um devaneio essencial dessa “persona dramática”.

Sinto-me como um pintor em frente à sua modelo, as formas nuas e delineadas sentindo meus olhos vidrados, a excitação, o pincel percorrendo os contornos da tela e a tinta colorindo aquele que seria o mais belo quadro existente; se existisse.

Lembro-me de noite pretéritas em que o inverno nos assolava de forma implacável, a proximidade dos corpos buscando mutuamente o calor um do outro, o aroma levemente adocicado e o barulho da chuva no teto, o barulho que ouço agora me remete a essas lembranças, a chuva escorrendo lentamente pelo teto e as idéias fluindo suavemente pelos dedos, esses digitam freneticamente. Essa é a introspecção mais simples e pouco lapidada possivelmente existente, mas é um pequeno apanhado de tudo aquilo entregue por Mnemosine à minha mente agora.

Eu vejo agora tudo o que ficou pra trás, as coisas lançadas a esmo e aos poucos minha tentativa de recuperá-las, mesmo por inúmeras tentativas, eu não consigo compreender quais razões me levaram a tais atitudes, sei, minha racionalidade, foi tão frívola, e a deixei tão facilmente de lado, no efêmero instante do reencontro percebi o quanto havia sentido falta dela, estava ali, novamente, de braços abertos, o racionalismo perdido no insano devaneio da solidão, ou melhor, do medo da solidão. Os conceitos sempre foram dissonantes. Simplesmente divagamos em um mar de possíveis rosas tentando esquecer os espinhos. Enfim, fim. Essas palavras enterram o assunto.

Por outro lado, os dados não pararam de ser lançados, sempre fui consciente de todos os meus desejos e os planos saíram dos trilhos por poucos momentos, meus objetivos novamente estão traçados, minhas metas estão estabelecidas e agora eu desabafo em pequenos escritos tudo que em mim, aos berros, estava trancafiado. Minha inspiração retornou aos meus braços e com ela me basto.

3 comentários:

Anônimo disse...

Algo sublime apodera-se de mim a cada vez que sento para ler seus pensamentos... suas palavras que fluem, inspiram.
Adoro a forma como escreves : *

Juli_aishiteru disse...

Acho que não poderia escrever aqui a primeira coisa que me veio à mente quando terminei de ler seu texto...
Meus sentimentos quando li esse texto reforçaram os que me atormentavam agora mesmo durante meu banho. Mas talvez não tenha nada a ver, porque este texto é tão seu, não foi escrito para ninguém entender por completo, parece uma exposição meio escondida. Por isso o interpreto do meu jeito, de acordo com o que meu coração manda.
É uma pena que eu só tenha boas palavras e pensamentos inspirados durante o banho, como se ao final a toalha os levasse embora... senão talvez pudesse escrever algo sobre o que penso e sinto lendo seus textos que valha a pena ler.
Lindo texto

Anônimo disse...

Que bom que bons momentos acontecem e acabam,e após isso fique uma melancólica saudade... que bom que sua inspiração voltou...

parabénsssssssss!!!