terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Espelho no teto.

Obtuso à imagem de si, no lusco-fusco onde retrai sua própria existência para então a distender em direção a outrem. Reflexo da escolha no ato do encontro entre nos nossos corpos encolerizados de tesão. Como fogo a crepitar sob uma garrafa de gasolina, é dessa forma que esse olhar pedante observa o tirar das tuas roupas.
Teus cabelos em chamas a cortar o ar como um espetáculo de fogos de artifício; e é no reflexo do espelho que tua imagem se torna infinita e desdobra-se ad aeternum. Resplandece no teu pouso em leito ímpia embriagar-se no no ébrio corpo que penetra teus sentidos e derrama em ti o gozo eterno.
Eis, entre tua pele e teu sexo, entre tua alma e teus amores onde repousa pacífico o tênue limiar entre a dor e o prazer; lugar donde, pelo espelho, vejo o sangue rubro a escorrer em carne e desfolhar na dor nossa sinfonia de prazeres.

Perverso o olhar que te encara. Regado ao escárnio da tua pergunta – Quem é tua dona? – debochado e petulante olhar que penetra tua alma e te estremece ao peso do próprio gesto. E é nesse lugar, no espelho, onde se dissipa a essência ultra-sensual, o amor dos nossos corpos percorre a alma em um piscar de olhos.

Um comentário:

Jessica Pinheiro disse...
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