Obtuso à imagem de si, no lusco-fusco onde retrai sua
própria existência para então a distender em direção a outrem. Reflexo da
escolha no ato do encontro entre nos nossos corpos encolerizados de tesão. Como
fogo a crepitar sob uma garrafa de gasolina, é dessa forma que esse olhar
pedante observa o tirar das tuas roupas.
Teus cabelos em chamas a cortar o ar como um espetáculo de
fogos de artifício; e é no reflexo do espelho que tua imagem se torna infinita e
desdobra-se ad aeternum. Resplandece no teu pouso em leito ímpia embriagar-se
no no ébrio corpo que penetra teus sentidos e derrama em ti o gozo eterno.
Eis, entre tua pele e teu sexo, entre tua alma e teus amores
onde repousa pacífico o tênue limiar entre a dor e o prazer; lugar donde, pelo
espelho, vejo o sangue rubro a escorrer em carne e desfolhar na dor nossa
sinfonia de prazeres.
Perverso o olhar que te encara. Regado ao escárnio da tua
pergunta – Quem é tua dona? – debochado e petulante olhar que penetra tua alma
e te estremece ao peso do próprio gesto. E é nesse lugar, no espelho, onde se
dissipa a essência ultra-sensual, o amor dos nossos corpos percorre a alma em
um piscar de olhos.
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