segunda-feira, 10 de março de 2014

Till our last breath

Faz, refaz, reflete em si a pura forma de toda a pureza de si. No espelho o objeto enquadra a forma do caminhar uma vez tomado o progresso do devaneio. E ele repousa sobre a cadeira macia com o formato do seu corpo, aplica nela o próprio peso e se debruça sobre algumas folhas antigas.
Rabisca numa folha de papel, faz desenhos sem sentido algum, a fumaça dos vapores toma conta do quarto, aquele quarto um dia seu, em uma cabana perdida no nada, distante, o último refúgio de todos os vícios, naquele lugar a virtude deixara de ter lugar há tempos. No lugar reinava o caos, a lúgubre essência da matéria poética.
Enfim, como o sol a sair do meio das nuvens, algumas batidas na porta, reconheceu as mãos delicadas, eram mãos femininas a bater na porta.
Enrolou por alguns segundos, caminhou por antigos tapetes e desviou de algumas madeiras velhas, antigos medos, antigos obstáculos. Parou, olhou-se no espelho, a barba por fazer o condenava, aquele lugar não era habitado, era insólito e decomposto. Com alguma pesarosa aflição abriu a porta, cerrou os olhos, a luz do sol lhe queimava os olhos, a escuridão tornara-se sua única companhia.
- Olá, o que te traz à um lugar tão ermo?
- Nada em especial, mas é hora de ir embora, muito tempo já se passou e esse lugar não é mais pra você.
Por razões desconhecidas, aquele abismo já tinha dado seu tempo, a permanência lhe era fustigante ao espírito, bastava do poço, bastava de permanecer na lama que o envolvia.
- Preciso um tempo pra fazer as malas.
- Nem mais um segundo, vem.
Segurando Franz pela mão, puxou em direção à ponte que ficava defronte à saída da casa. Sem motivo algum, aquele toque mudara completamente toda a percepção de todas as coisas acontecidas até então.
De mãos dadas caminharam pela ponte. - Tanta coisa mudou desde que cheguei aqui. Argumentou Franz.
- Você não mudou, você se adaptou de tal forma a tudo, que tudo parece diferente, mas, no fundo, a essência permanece da mesma forma como um dia esteve. Na tua alma grita o amor que nos mantém de outras vidas, outros dias, outras horas, outras auroras.
Ela o abraçou, em seu abraço acolheu uma pobre alma despedaçada, colheu alguns cacos que ficaram pelo caminho. Durante tal operação, alguns pedaços se fundiram uns com os outros. Há algum tempo não havia razão para um sorriso. Tímido, Franz sorriu um riso tão leve quanto bobo. Seguiram de mãos dadas, tao vivos quanto as flores, tão cristalinos quanto o rio.

Nenhum comentário: