Oh,
musa. Bela imagem a me tentar, que no riso a embalsamar, desfolha em mimos os
teus encantos. Musa dos cabelos vermelhos e adornados, do alto da tua beleza
obliteras o meu pranto em cálidos amores, como um véu aveludado, teus braços a
mim se prendem; tua boca me toca os lábios na pura forma a materializar-se no
arrepio que me causas.
Doce
Vênus passante no jardim das minhas auroras, onde tua volúpia me prende e
conduz pelas linhas do teu corpo. Nada temeis nos meus braços, minha senhora.
Andemos, andemos pelo bosque dos prazeres, o vale entre teus seios palpitantes
e tesos ao perturbador toque da minha língua. Pálida luz a cobrir tua pele,
ante a forma no súbito suspiro a cruzar entre teus dentes, no aperto dos lábios
tua mão repousa firma sobre meus cabelos. Arrepios cruzam teu corpo embalado ao
som de gemidos; resfolegante, tua respiração cortada abafa dizeres tão singelos
quanto pervertidos quando meus dedos já repousam sobre teus lábios úmidos.
Os
dedos penetram teus lábios enquanto tua língua percorre minha boca, os
murmúrios soam como litanias antigas dadas apenas aos amantes mais ardentes,
tuas unhas rasgam minha pele, a dor marca no doce e ébrio sofrimento do prazer. Tu,
Vênus, que me amordaça à tua boca e me arranca a respiração, adornado seio cujo
aroma desfalece a força e desponta o mais profundo tesão da minha alma.
Teu
corpo, então, se apodera de mim, a engolir-me ao ventre todas as forças, vibro
ao som do teu desassossego, nos gemidos embalo a força crescente do desejo
ardoroso pelo teu sexo. Enquanto teus dentes enfim encontram minha carne, tenho
em mim todo o néctar da mais bela e gozosa das flores; lambuzo-me como uma
abelha em frenesi.
O
gozo quente verte nas tuas entranhas, te inunda como um dilúvio embalado ao som
do estampido na pele, as pernas abraçando meus quadris, sufocando em mim todos
os movimentos; uma planta carnívora a engolir-me em plena noite das bodas,
núpcias amorosas envoltas na glória da lua no reflexo da tua pele banhada por
ela banhada, nossos corpos unidos em êxtase fervoroso. O plasma combinado, o
plasma do instante-já, minha Vênus. O aqui e agora do eterno.
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