terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Ad Continuum

Então o que há de mais perverso senão o caminho em-si a se desdobrar num infinito desconhecido e literal? Qual a forma em sua (i) razão desvenda continuidade ou laço eterno?
O relativo apenas desfere como algo a gotejar numa calçada em meio aos transeuntes, e é nessa projeção entre o cheiro ocre e o gosto doce que reside a continuidade. Eis, na imortalidade do espírito, onde o âmago se renova na pungência de cada encontro. Mesmo neste espaço onde o tempo é suspenso, o instante-ja, fugaz, escorre entre os dedos.
Na verdade, o ressonante inspira a ação instrospectiva à própria morte, por sinal, mas essa também é desfigurada pelo véu da continuidade oblíqua ao vício. Receio recriar o impossível, mas, no entanto, as pétalas são matéria prima da relevância eloquente de um gesto na escuridão efêmera de corpos uníssonos cujo roubo se dá no âmbito da alma, em frente ao espelho é onde se dão as mais fantasiosas criações.
Qual a punição, então, sobre o roubo da matéria pulsante quando a virtude reclama para si todos os vícios?
Ante o próprio vício da virtude, a alma retém a tensão em plenos pulmões, mas, fugídio, o instante-já desfalece e se (re) dobra no vapor dele mesmo, deslocando-se, assim, junto a pura matéria da virtude. Logo, no tempo suspenso, rompe-se a relação com o espaço, fazendo com que o procure na escuridão gélida da noite.
Desfaz-se a crise em ardente fogo, tomba à guilhotina da percepção e retoma na coexistência o semblante frente aos espelhos paralelos. Existe algo de perturbador no infinito, aprazível como o crepúsculo opulento.

E na otomana repousam os pés, a inspiração desse momento-eterno onde o texto basta por si só, assim como o encontro de-si em outrem na pululante madrugada.

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