terça-feira, 10 de junho de 2014

Prosa e Verso

Nessas linhas, tão minhas quanto tuas, entre palavras manchadas de saudade e calcadas no pulsar da fibra que me mantém, eu desdobro a letra tão repleta de desenhos, a minha melhor letra, passo a limpo do rascunho feito em um papel de carta tão bonito.
Distende a falta que me faz o doce despertar melodioso, as palavras lidas logo ao acordar, algo tão repleto de todas as melhores coisas do mundo, na doce voz a embalar meu acordar, o toque dos dedos mexendo nos meus cabelos, as risadas matinais.
Sobre a mesa papéis repletos com a tua presença, a suave chuva batendo no teto em uma tarde da preguiça, os lençóis mornos aquecidos por nós dois. Nesse lugar tão cheio da tua presença, em livros assinados com "Fagundes" e você está em tudo, das menores às maiores coisas, tudo pulsa à tua imagem. A Vênus das peles pedindo para ser lida pela vênus em pessoa e eu, dionisíaco como só, beberico o vinho ao embalo da música que conta tudo de nós.
Roubo algumas flores de alguns jardins e guardo todas para fazer um buquê. Nesse tempo onde tudo mudou, o reflexo desmascarado no espelho, apenas eu e tudo o que há de melhor em mim, tudo tão teu, quanto apenas teu. Dessas flores coloridas, sem importância de combinação, monto um ramalhete que só cresce na espere pela entrega.
Saudade, companheira constante, dor sádica aprazível ante tua existência, apenas nela existo por completo, na existência do um pleno de nós dois. Dobro, redobro e desdobro, faço e refaço tantos planos. E teu vestido esvoaçante embala teus passos diante de mim, violinos e castanholas, uma festa tão cigana, tão nossa, na alegria do pulsar das almas enfim (re)encontrads. Tantas vidas, tantos dias, tantas horas, tantas auroras. E eu conto os dias, os poucos dias que faltam.

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