sábado, 16 de julho de 2022

Lampejo

    Visão; sonho materializado. Compasso absorto em plenas concepções. O véu da noite estendia-se ante a câmara e eu a enxergava cortando a penumbra. Fonte de luz. A pele branca, como lenço esvoaçante, reflexo curvilíneo, ternura lascívia. Cabelos reluziam como ouro e eu encarava os olhos dardejantes; sentia-me devorado!

    A luz atravessava o quarto, derretia-se ante tamanha beleza, eu sentia o calor... Como felino, me aproximava aos poucos, lento, deliciava-me com o aroma da pele. A língua passeava tranquila pelos pés, subia calmamente pelas pernas. Sedento.

    Coxa. Pele macia, morna, quente, gradiente infinito de cores em escala da noite. Eu conseguia sentir o gosto na minha boca, o gosto daquele sexo embebido em licor voluptuoso. Percorria os lábios, aos poucos. Preparava o bote, desbravava os espaços entre as nádegas e o clitóris.

    Sinto o gosto, lábios se encostando. Brincando com a língua, passos finais para o bote sedento. Sinto o quadril subindo, pedindo pela minha boca; abro a boca. Amante sádico na loucura sedenta dos amores.

    Sinto os quadris subindo e descendo, buscando a minha boca! Minhas mãos percorrem o corpo, sobem pela barriga, agarram os seios. Imobilizo na insânia de sentir as coxas deslizando, enquanto as pernas se esticam e os pés tocam meu sexo.

    Arrepio que percorre o corpo inteiro, onda de calor, seguido do vendaval. Ouço os gemidos, vejo as mãos procurando algo pare se apoiar. Ofereço as minhas. As unhas afundam na pele. Pele!

    Um segundo, breve ruptura do espaço tempo. Tudo para. Cisão completa do universo. Sinto encharcada, despejando em mim o néctar de todos os nossos amores. Sedento, busco por cada gota, deleito-me no suspiro profundo do teu gozo!






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